Laura Lucy Dias - audiovisual
Lúcia acordou naquela noite à beira da estrada, estava bastante frio e não sabia para onde deveria se encaminhar, fazia tanto tempo que ela caminhava a ermo, procurando alguém para salvá-la. Estava tudo muito silencioso, era possível distinguir sons de corujas na mata, assim como ouvir claramente seu coração que vinha em um compasso perfeito.
Lúcia resolveu caminhas bem no meio da estrada, seguindo as faixas contínuas que se desenhavam pela frente, escolheu a direita para seguir. A luz era apenas a da lua, lembrava-lhe as estradas interioranas que lhe serviram de caminho nas viagens com seus pais para visitar os avôs, dava para ver a pouca distância à frente e como estava frio, havia uma espécie de neblina que encobria o caminho futuro, o que lhe dava um medo agudo. De repente uma ponta de luz se deu em meio a neblina e foi crescendo de encontro à menina, que parou para esperar. Logo o som do motor do carro e da música que tocava alcançaram seus ouvidos.
O carro preto e cumprido parou e a motorista abriu a janela:
- Achei que fosse uma assombração! O que faz sozinha a esta hora? Quer uma carona?
- Sim, eu quero! Eu estou perdida.
- Sobe aí.
A motorista era uma mulher incomum, muito pálida, mas era uma mulher negra, bonita e muito alta. Tinha o cabelo rebelde e pintado de violeta, tinha piercings, tatuagens e usava roupas prestas com spikes espalhados. O som alto foi amenizado para que pudessem conversar:
- Eu sou Care, Care Onte, e você?
- Meu nome é Lúcia. Obrigada por me dar uma carona.
Care virou o carro de volta à neblina, no sentido em que Lúcia iniciara a sua caminhada naquela noite.
- Como você se perdeu?
- Eu não sei, faz muito tempo que estou perdida, estou tentando voltar para casa.
- Dá para ver essa sua roupa é muito estranha, e está bem sujinha não acha? Vou levar você para um lugar onde possa se lavar e possamos procurar um bom lugar para você, pois há muito é esperada.
Lúcia assentiu com a cabeça, o que podia fazer? Lembrava-se de algumas coisas, mas nem todas, nem mesmo sabia como viera parar aqui sem seus pais, achava que poderia ter sido um acidente de carro, tinha medo de que seus pais estivessem mortos. Durante o caminho as músicas que tocavam naquele carro só arrepiavam Lúcia, Care não era de conversar e por isso não sabia se queria conversar também.
- Sabe, não costumo dar carona assim, eu costumo transportar pessoas, porém, sempre há um preço. Mas você não deve ter nenhuma moeda aí, não é mesmo? – Care riu descontroladamente, parecia muito feliz, mas não parecia uma pessoa normal feliz.
Chegaram à beira de um rio, onde uma ponte ligava a beira do outro lado, muito longe. Lúcia dormiu e não sabia quanto tempo, quando Care a acordou e disse:
- Vem conhecer o meu bichinho de estimação. – E assobiou chamando, como se fosse um cão, mas... não era um cão normal, ele era gigantesco e ele tinha três cabeças. – Não se preocupe Lúcia, ele só morde se você tentar fugir daí de dentro. – Alertou Care enquanto agarrava a garota para levar pelo portão escuro que havia atrás do cão.
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