Em uma cidade
utópica onde as pessoas trabalham perto de casa e há abundância de
alimentos,
muita empatia, alto índice de aprendizagem e nada é desperdiçado; os sonhos se
realizam: a casa própria, o emprego desejado, ter uma família, respeito a
diversidade cultural!
A cidade é tão limpa
que as pessoas em suas ruas e casas andam com os pés no chão, sem qualquer
interferência de calçados, lá não existe a tal da havaiana para punir. Nem
mesmo existe o conceito de punição! Mas como assim? É isso mesmo.
A família não é bem
como a gente, e é difícil de explicar… vou falar dos Dálea, a mãe Nami é uma
jovem professora universitária de tecnologia, o pai Saulo é um dedicado membro
da cooperativa de alimentação, e Olívia, uma menina que adora espinafre, a
filha do casal.
Em um lindo
entardecer, ao terminarem o trabalho, Nami e Saulo se encontram para buscar
Olívia na escolinha comunitária. Juntos eles vão a aconchegante casa para se
prepararem para o feriado da cidade Hirassol, comemorado na grande praça com
pratos preparados pelos próprios moradores, que ocorrerá no dia seguinte.
Os Dálea levarão
pirulitos pela escolha de Olívia, que passou o ano todo esperando por isso. A
preparação é extremamente afetiva, pois é toda feita à mão. Então, a família
começou a fazer o doce com o caramelo de corante azul, amarelo e vermelho,
todos juntos sempre envolvendo Olívia, que adorava cada coisa e ficava toda
suja. Após embalar cada pirulito e limpar a cozinha, eles estavam cansados,
felizes e satisfeitos.
No dia tão esperado,
a família vai como toda cidade ao encontro na bela praça. Há muita música,
alegria, empatia, diversidade, equilíbrio e muitas crianças. Olívia ganha o tão
aguardado doce de seu pai, e com o pirulito passa a tarde toda, pois seu
encantamento por todas aquelas cores não deixa que ela o aprecie com rapidez.
As outras crianças conversam com ela:
- Olívia, você não vai comer o seu?
- Não, só em casa!
- Toma uma mordida do meu! - oferece Gustavo.
- Que delícia! Obrigada!
Ao início do
crepúsculo os adultos estão em efervescente ânimo, Saulo e Nami envolvidos em
uma dança apaixonada, ao som da música mais romântica de todos os tempos
tomando a pista de dança, os olhos deles brilham tanto que dá para ver daqui,
chamando a atenção de todos.
De repente, as
pessoas param de dançar, até que a banda silencia, ouve-se o choro e começam a
procurar: o que é aquilo que nunca se ouviu?
Nami e Saulo acabam
procurando e encontrando a Olívia, e sem entender os seus berros, a pegam no
colo e ela chora por 6 horas seguidas, o que depois segue para completa calma e
enxugam-na as faces. Ela diz:
- Meu pirulito foi pego.
Um enorme choque
percorreu todas as pessoas que passaram a se perguntar umas às outras
"Quem pegou o pirulito?", E o que se estabeleceu é que não havia sido
algum cidadão dali. Os pais a cada minuto avermelharam-se e questionavam
- Como isto é possível?
- Logo com minha filha?! - subiam a voz e as pessoas se
entreolhavam.
- Nós não aceitaremos! - gritou Saulo.
Neste momento as
pessoas em volta resolveram se reunir e pediram licença para conversar com
eles. Em um debate aberto resolveram prender Saulo, Nami e Olívia, criando o 1°
sistema carcerário e punitivo daquela cidade e foram todos para casa.
A família não
concordou e passou a noite toda gritando.
Pelas próximas 12 horas pequenos furtos ocorreram, já que agora existia o conceito de posse e apropriação, o que ao amanhecer gerou balbúrdia e desentendimentos, e assim as pessoas passaram a se acusar.
De repente começaram a jogar coisas uns nos outros, ofendendo-se inclusive, quando uma mulher botou fogo num ursinho de pelúcia para jogar na multidão que se estendia pela praça, quando ela pensou: "Mas… antes já estava tão bom… dá pra fazer direito " e foi conversando com seus pares.
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