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terça-feira, 12 de março de 2019

Resenha O homem de giz

Livro com uma narrativa que se passa em dois períodos ao mesmo tempo, em 1986 e 2006, acompanhando a vida de Ed, um jovem que tinha um grupo de amigos na infância que cresceu em torno de acidentes e eventos terríveis,  desde o acidente na feira, com o brinquedo Twister até assassinatos diversos.



O Homem de giz é o professor que aparece em 1986 para lecionar na escola dos garotos, e ao mesmo tempo no acidente mencionado, e se relaciona com outros acontecimentos, criando uma malha de tragédia muito tácita que prorroga uma relação direta com o narrador, que pra variar é um garoto não muito promissor, que acaba se tornando professor, alcoólatra e solteiro aos 42 anos (para mim isso é uma referência sim, ainda mais ao descobrir que C.J. Tudor é britânica e cita Doctor Who).

O assassinato, em si, demora bastante a ser revelado, e o livro só me pegou por volta das 200 páginas, e eu estou acostumada com narrativas desse estilo, com que me identifiquei prontamente, e no livro estabelece-se que a autora é leitora de Stephen King, assim como eu, então é fácil de ler, mesmo passando-se em dois momentos, indo e voltando na história, e revelando aos poucos informações que se encadeiam na narrativa.

O livro é principalmente um paralelo sobre o envelhecimento, com o o que posso correlatar ao "À espera de um milagre", mostrando claramente o envelhecimento, a perda da jovialidade, o adoecer, a perda da consciência e do vigor, dentre outros, como parte da vinda da morte, assim como o é no livro do King, porém, sem qualquer coisa relacionada à sobrenaturalidade que lá encontramos, mesmo que haja a sua despontualidade gore e aparência de sobrenaturalidade, fica a critério do leitor pensar sobre isso, pois de fato, minha leitura não me conectou.

Dentro das referências que eu encontrei vejo Edgar Allan Poe e Millenium com os elementos góticos de Chloe e sua transformação e aspectos de vingança, ainda com as questões de colecionador que aparecem e ligam-se ao conto Berenice; e o gato. Vejo ainda uma grande influência de Novembro de 64, dentre tantos de King. Além de Poe nas narrativas detetivescas também encontramos resquícios, se não mais que isso, de Agatha Christie e Sidney Sheldon.

Mas o que mais me deixou estupefata foi encontrar tão claramente os elementos de dualidade e o anel com a pedra verde, de Fire Walk With Me (filme da série), relacionados diretamente ao bosque e aos amantes, que trazem claramente Laura Palmer e Twin Peaks, Leland Palmer e Killer Bob, apontando, de certa maneira, para que Ed seja algum Dale Coopper, diante de um Hoppo com perguntas e respostas possíveis, depois de ter uma orelha fantasticamente afetada na narrativa, como ocorre no filme de Lynche "Veludo azul". 

Tudo isso é só a minha forma de relacionar com o livro em questão. Se eu gostei? Ah, bem pouco.
Mas ele está em uma posição muito relativa no meu campo de leitura, isso não deve interferir na sua qualidade de leitura, se é uma pessoa que não está acostumada a ler narrativas gore, de suspense e detetivescas.

Cuidado com a classificação indicativa.

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