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terça-feira, 7 de maio de 2019

Teseu e o Minotauro





   Havia na ilha de Creta um rei muito cruel chamado Minos. Era um verdadeiro tirano. Aterrorizava seus súditos, perseguia quem discordava dele, aprisionava e torturava seus opositores. E expandia seus domínios por outras ilhas e até sobre algumas cidades do continente.
   Todos os anos, os povos submetidos a seu domínio deviam enviar-lhe como tributo sete virgens e sete rapazes, para serem devorados pelo Minotauro, um monstro metade homem e metade touro, que vivia nos porões do palácio real.
   Aliás, esses porões eram diferentes de todos os outros. Para garantir que jamais alguém conseguiria fugir de lá, o rei Minos contratou o maior arquiteto da época, Dédalo, e ordenou que ele planejasse e construísse um labirinto complicadíssimo no subterrâneo do palácio. Depois, encerrou lá dentro o próprio Dédalo e seu filho Ícaro, que o ajudara nos trabalhos dessa construção.
   Uma das cidades que sofriam sob o domínio de Minos era Atenas. Todo anos seus habitantes deviam escolher algumas vítimas para serem enviadas ao Minotauro. Decidido a libertar sua terra dessa barbaridade,Teseu, filho do rei de Atenas, se ofereceu para fazer parte do grupo. Tinha esperança de enfrentar e vencer o monstro. Caso contrário, morreria na tentativa.


   Ao chegarem a Creta, as vítimas escolhidas foram exibidas ao rei - como era de costume. Mas acontece que Ariadne, a filha de Minos, também estava presente e se apaixonou pelo heróis. Aproveitou que o grupo de prisioneiros estava ainda no próprio palácio real e foi procurar Teseu em segredo. Ele também se mostrou apaixonado por ela. ?Ariadne então resolveu ajudá-lo a matar o monstro e a fugir, em troca da promessa de que depois o príncipe a levaria consigo para longe.
   Feito esse trato, ela deu a ele dois presentes que iriam possibilitar sua vitória. Primeiro, trouxe-lhe uma espada, já que, naturalmente, os primeiros não dispunham de arma alguma.
   - Ah, Teseu, por mais fortee valente que você seja, jamais a conseguirá matar um monstro terrível como o Minotauro apenas com a força de suas próprias mãos. Vai precisar de uma arma...
   Mas uma vitória sobre o Minotauro não estaria completa se depois os herói continuasse prisioneiro. E Ariadne deu então a Teseu algo muito simples e muito precioso: um novelo de lã.
   - O que eu vou fazer com isso? - perguntou ele.
   - Leve o novelo quando entrar no labirinto. Prenda uma ponta na entrada e vá desenrolando o frio à medida que for entrando. Quando tiver que sair, basta seguir a linha e irá encontrando o caminho de volta.
   Graças a essa ajuda e a ideia, Teseu foi bem sucedido. Conseguiu matar o Minotauro e escapar do labirinto. Com isso, libertou Atenas da obrigação anual daquele tributo odioso e desumano. Libertou os prisioneiros que estavam nos porões do palácio e organizou a fuga de todos. Quebrou todas as naus cretenses para não ser perseguido e fez sua viagem com os companheiros no único navio poupado.
   Cumprindo sua promessa, Teseu levou também Ariadne. Mas na primeira parada da embarcação, esperou a moça dormir e a abandonou sozinha na ilha de Naxos, seguindo para Atenas sem ela.








   Não era um comportamento nada digno para alguém que queria ser um grande herói. Revelava a fraqueza de caráter que iria acompanhá-lo pelo resto da vida.  Teseu viveu depois outras aventuras, conseguiu vitórias, mas teve um fim trágico. Causou a morte do próprio pai e, mais tarde, também do seu filho. Por essas e outras, seu povo não gostava dele. NO final da vida teve que se exilar em outro reino, onde acabou sendo traído e assassinado.
   Quanto a Ariadne, quando acordou em Naxos, ainda chegou a ver o barco de Teseu se afastando e sumindo no horizonte. Ficou desesperada e chorou muito. Chorou tanto e era tão bonita que sua tristeza comoveu o deus Dionísio, que resolveu vistá-la na ilha. Chegou com um cortejo enorme e animado, com muita música e festa, para consolar a pobre moça abandonada. Os dois acabaram se apaixonando. O deus casou com ela e por causa disso a jovem Ariadne, embora mortal, foi viver para sempre com ele no Olimpo.

Mito adaptado por Ana Maria Machado que organizou no livro Clássicos de verdade: Mitos e Lendas greco-romanos, ilustrado por Thais Linhares.



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